INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CARMELA DUTRA
PLANO DE AULA
O que é um Plano? Você tem Planos?
É como um “mapa” com setas,
indicações de onde desejamos chegar? Estranha definição...
Vamos imaginar uma pequena viagem, uma viagem
de 1 dia com nossos alunos. Discutimos, pensamos e elaboramos um plano onde
registramos nossa estratégia para alcançar objetivos, ou seja, chegar ao local
que desejamos. Certamente a escolha desse local deve ser algo significativo
para todos, pois nosso plano que é viajar (vamos chamar de processo ensino e
aprendizagem) envolveu a todos, considerando realidades e contextos, ou seja,
nossos passageiros são também sujeitos da aprendizagem, participantes ativos da
viagem.
Não vamos viajar para determinado
local à toa, sem interesse, sem estarmos motivados por algum aspecto interno
(seja nossa curiosidade, por nos sentirmos desafiados, confiantes e desejosos
de descobrir algo), ou ainda, por ser necessário mesmo sair do lugar, sacudir a
poeira. Muitas vezes, ela começa sem graça para alguns, mas durante o percurso,
o envolvimento, a afetividade, a descoberta, a troca, a percepção de que ela
faz sentido acaba conquistando o interesse. Isso dá trabalho, mas trabalho não
é sinônimo de “castigo”, trabalho é sinônimo de desafio, de que preciso buscar
soluções, usar minha inteligência, minha sensibilidade e me dedicar, pois
viagem à deriva é um perigo!
Sabemos que essa viagem vai nos
proporcionar a construção de novos conhecimentos, um processo contínuo, no qual
vamos ousar, arriscar, tentar e com certeza, compartilhar, pois ninguém aprende
sozinho. Ao trocarmos, nos tornamos menos competitivos; ao trabalharmos em
grupo, aprendemos a respeitar as diferenças, cooperar, enxergar e distinguir
direito e dever. Se durante a viagem, participo com minhas vivências, aprendo a
falar e ouvir, aprendo também que preciso desenvolver a iniciativa sem sufocar
o outro. E se a viagem tem problemas e todos fazem uma autoavaliação, nos
tornamos críticos, questionadores, mas produtivos e positivos em nossas
posturas durante a viagem.
Por isso, quando pensamos a
viagem, que é o nosso planejamento, devemos nos perguntar, lembrando novamente
Rubem Alves, se essa viagem vai proporcionar o voo, o fortalecer das assas, nos
apropriarmos de ferramentas, experimentarmos, sentirmos a vivência do brinquedo
e a grandeza de crescer enquanto ser que aprende a construir, participar,
trocar e colaborar.
Sendo assim, nosso planejamento precisa
levar em consideração como “trato” conteúdo, como organizo o trabalho que é “meu
com a turma”, qual a minha relação com a turma, como seleciono os recursos,
como entendo avaliação, qual a minha compreensão de “erro”, o que considero
disciplina, como conceituo infância etc.
A estrutura do Plano e Aula permite
o registro da prática, sem esquecer que deve estar em sintonia com o Plano de
Curso que depois estudaremos (Viagem de um ano letivo, cujo objetivo é amplo),
visto que, a turma está no Projeto, e percebi pela correção de alguns Planos,
certa dificuldade na elaboração, e por isso estamos na viagem inversa... Mas de
nada adianta termos a técnica se deixarmos de lado o que é essencial: o aluno e
o processo ensino-aprendizagem.
VAMOS SITEMATIZAR?
Plano de aula (ou Plano de
Atividade)
Consiste na operacionalização da
ação didática. Contém elementos essenciais para promover o processo de
ensino-aprendizagem.
Estrutura
Dados de Identificação
Escola
Professor (a)
Tema: O plano de aula pode partir de um assunto, tema que está, por
exemplo, norteando a ação pedagógica daquela semana, quinzena etc.
Tempo: Duração da aula, ou ainda, das atividades propostas.
Organização de uma rotina.
Áreas do conhecimento (Conteúdos): Ação didática deve promover a
aprendizagem significativa para a turma, possibilitando ao educando relacionar
diversas áreas do conhecimento e proporcionando a vivência e construção de
conteúdos sem a fragmentação dos mesmos.
Um exemplo:
Estamos trabalhando folclore e a
turma vai elaborar um prato típico de determinada região do Brasil. Esse tema
vai permitir que seja trabalhado Português (leitura da receita, vivenciar a
função social da escrita e leitura, manipulação das embalagens: data de
validade, fabricante etc.); Matemática (sistema de medidas, tempo de preparo,
as transformações da matéria - vamos imaginar que a receita pede que as claras
sejam batidas em neve, situações-problema envolvendo preços dos produtos,
validade etc.). Vejam quanta coisa poderíamos trabalhar. Quantas disciplinas
envolvidas a partir de uma atividade.
Objetivos:
É o comportamento que o educador
espera que o aluno construa, alcance no decorrer da aula. Esse comportamento
precisa ser observável e é traçado em função da aprendizagem.
O comportamento precisa ser
compreendido como ação, produção, postura... Muitos educadores se utilizam da
frase: “Ao final da aula, o aluno será capaz de...” para ajudar na hora de
elaborar os objetivos.
O objetivo deve ser operacional,
específico e registrado sempre no infinitivo.
Procedimento
Introdução (ou
apresentação)
Ao convidar meus alunos para a
viagem, preciso envolvê-los nesta proposta.
Desenvolvimento:
É a viagem em si. Como pretendo que ela
aconteça. É o momento em que o educador proporciona experiências, vivências,
atividades orientando e coordenando a viagem. Favorecendo a integração e
relação de conhecimentos.
Podemos utilizar estratégias que
atendam melhor e de forma adequada às necessidades dos educandos, assim como
suas características. Quando o professor, por exemplo, adota sempre a mesma
medotologia, ele “desvaloriza a participação” dos alunos e alunas que teriam
mais interesse, envolvimento e produção, pois, apresentam outras habilidades
que são desprestigiadas e esquecidas. Claro, que também precisamos incentivar a
descoberta, o desenvolvimento de novas habilidades e a aquisição de novas
competências.
Recursos didáticos
Todas as ferramentas que serão
utilizadas na “viagem”.
Avaliação
A avaliação não precisa estar no
final da viagem. Ela está presente durante todo o percurso, ao observarmos
nossos alunos nas suas produções do dia, nas atitudes que demonstraram em
situações específicas, na participação... Mas, podemos, ao final da viagem,
realizar uma atividade, caso seja necessário, sem esquecer que avaliação sempre
deve estar coerente com nossos objetivos e que ela é um instrumento que nos
permite repensar práticas e refazer caminhos.
Importante lembrar
Os procedimentos, ou seja, a
minha ação é intencional. Logo, precisa ser organizada e promover aprendizagens
que atendam vários níveis. Preciso considerar o nível de conhecimento dos
alunos, o nível de compreensão (de entendimento), o nível de aplicação (o nível
em que o educando desenvolve a habilidade de utilizar o que aprendeu, o que
construiu). Além desses, há o nível de análise e síntese, onde o aluno é capaz
de perceber a interrelação que há entre o conhecer, compreender, aplicar e por
fim, relacionar os conhecimentos. Todo plano é flexível e toda aula, citando
novamente Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia, não é do professor, é dele
com a turma. Ou seja, existe um plano de viagem que pode ser modificado, pode
ser enriquecido por esse viajante que também traz uma bagagem com experiências,
histórias, expectativas (ou, às vezes, nenhuma e precisa da nossa ajuda) e
olhares diferentes. Imaginem todas essas bagagens abertas; imaginem os olhares
que se educam diante do outro; imaginem os sentimentos, pois também aprendemos
sentindo; imaginem as trocas; imaginem a descoberta de que ninguém precisa
escolher entre a formiga ou cigarra, pois podemos cantar ao carregar as folhas,
embora, possam estar pesadas em alguns momentos... Não importa, todos temos
limites e possibilidades, precisamos é descobrir como lidar com elas e melhorar
naquilo que é necessário respeitando a individualidade, as diferenças.
Nem sempre estaremos inspirados,
mas não façamos das nossas aulas um lamento, como a letra Epitáfio:
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
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