Pedagogia
Liberal
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CONTEÚDOS
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MÉTODOS
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RELAÇÃO PROFESSOR E
ALUNO
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TRADICIONAL
Papel
da escola – a Preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua
posição na sociedade. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas
sociais pertencem à sociedade. O caminho cultural em direção ao saber é o
esmo para todos os alunos, desde que se esforcem.
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Conhecimentos
e valores acumulados pela geração e passados como verdades;
Conteúdos
separados das experiências dos alunos e das realidades sociais;
Conteúdo
descontextualizado.
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Exposição
da matéria e/ou demonstração;
Ênfase
nos exercícios, repetições de fórmulas e na memorização.;
Tanto
a exposição quanto à análise são feitas pelo professor, observados os
seguintes passos:
Preparação
do aluno
Recordação
da matéria anterior
Apresentação
Associação
Generalização
Aplicação
O
ensino consiste em repassar conhecimentos
A
capacidade de assimilação da criança é idêntica do adulto, apenas menos
desenvolvida.
Programas
com progressão lógica, estabelecida pelos adultos, sem considerar
características próprias de cada criança.
Aprendizagem
é mecânica.
Avaliação
se dá por verificação de curto prazo (exercícios orais, exercícios de casa) e
de prazo mais longo (provas escritas, trabalhos de casa).
Reforço
negativo (punição, notas baixas, apelo aos pais; às vezes positivo (
classificação, emulação)
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Predomina a autoridade do
Professor e na atitude receptiva do aluno;
Disciplina imposta para
assegurar a atenção e silêncio.
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RENOVADA PROGRESSIVISTA
Papel
da escola – Adequar as necessidades individuais ao meio social e, para isso,
ela deve retratar, o quanto possível, a vida. Todo ser dispõe dentro de si de
mecanismos de adaptação progressiva ao meio e de uma seqüente integração
dessas formas de adaptação no comportamento. Tal integração se dá por meio de
experiências que devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e
as exigências sociais.
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Conhecimento
resulta da ação a partir dos interesses dos alunos e das exigências sociais;
Conteúdos
estabelecidos em função das experiências;
Trata-se
do aprender a aprender, ou seja, o mais importante é o processo de aquisição
do que o saber propriamente dito - Valorização do processo de aquisição do
saber;
Valorização
dos processos mentais e habilidades cognitivas.
Conteúdos
organizados racionalmente.
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Aprender
fazendo;
Pesquisa,
descoberta, o estudo do meio natural e social, método de solução de
problemas;
Importância
do trabalho em grupo como condição básica do desenvolvimento mental;
Embora
os métodos variem, as escolas ativas ou novas (Dewey, Declory, Cousinet e
outros) partem sempre de atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas
do desenvolvimento.
Passos
básicos do Método Ativo:
Colocar
o aluno numa situação de experiência
O
problema deve ser desafiante
O
aluno deve dispor de informações e instruções que lhe permitam pesquisar a
descoberta de soluções
Soluções
provisórias devem ser incentivadas e ordenadas
Garantir
a oportunidade de colocar as soluções à prova, a fim de determinar sua
utilidade para a vida.
A
motivação dependa da força de estimulação do problema e das disposições
internas e interesses do aluno Aprender se torna uma atividade de descoberta,
é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas um meio estimulador.
É
retido o que se incorpora à atividade do aluno pela descoberta pessoal; o que
é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em
novas situações.
Avaliação
tenta ser eficaz à medida que os esforços e os êxitos são pronta e
explicitamente reconhecidos pelo professor.
Os
princípios da pedagogia nova influenciam muitos professores. Sua aplicação é
reduzidíssima, não somente pela falta de condições objetivas como também
porque se choca com uma prática basicamente tradicional Alguns métodos são
adotados em escolas particulares, como método Montessori, o método dos
centros de interesse de Declory, o método de projetos de Dewey.
O
ensino básico na psicologia genética de Piaget tem larga aceitação na
educação infantil
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Não há lugar privilegiado
para o professor;
Papel do professor é
auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo da criança; se intervêm é para
dar forma ao raciocínio dela.
Disciplina surge de uma
tomada de consciência dos limites da vida em grupo;
Aluno participante,
respeitador das regras do grupo.
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RENOVADA NÃO DIRETIVA
Papel
da escola – A formação de atitudes,
razão pela qual deve estar mais preocupada com problemas psicológicos do que
com os pedagógicos ou sociais.
Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma atitude de
mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicitações
do ambiente.
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É
secundária a transmissão de conteúdos;
Processos
de ensino visam facilitar aos alunos meios paras busca de conhecimentos;
Ênfase
nos processos de desenvolvimento das relações e da comunicação.
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Os
métodos usuais são dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o
esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem;
O
objetivo do trabalho escolar se esgota nos processos de melhor
relacionamento, como condição para o crescimento pessoal;
A
motivação resulta do desejo de adequação pessoal na busca da autorrealização.
É, portanto, um ato interno. Ela aumenta quando o sujeito desenvolve o
sentimento de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais,
isto é, desenvolver a valorização do “eu”;
Aprender
portanto, é modificar suas próprias percepções, daí que apenas aprende o que
estiver significativamente relacionado com essas percepções. Resulta que a
retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao “eu”, ou seja, o
que não está envolvido com o “eu” não é retido e nem transferido. Portanto, a
avaliação escolar perde inteiramente sentido, privilegiando a autoavaliação.
O
inspirador da pedagogia não-diretiva é C. Rogers, na verdade mais um psicólogo
clínico que um educador. Suas ideias influenciaram um número expressivo de
educadores e professores, principalmente orientadores educacionais e
psicólogos escolares que se dedicam ao aconselhamento.
Menos
recentemente, pode-se citar também tendências inspiradas na escola de
Summerhill do educador inglês A. Neill.
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A
função do professor restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando
técnicas de sensibilização em que os sentimentos de cada um possam ser
expostos, sem ameaças;
Rogers
explicita algumas características do professor: facilitador, aceitação da
pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e ter plena convicção
na capacidade de autodesenvolvimento do estudante.
Toda
intervenção do professor é inibidora da aprendizagem.
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TECNICISTA
Papel
da escola – Modeladora do comportamento humano, através de técnicas
específicas.
À educação escolar compete organizar o
processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos,
úteis e necessários para que os indivíduos se integrem na máquina do sistema
social global.
Seu
interesse imediato é produzir indivíduos “competentes” para o mercado de
trabalho, transmitindo, eficientemente,informações precisas, objetivas e
rápidas.
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Informações
ordenadas numa seqüência lógica e psicológica por especialistas;
Conteúdos
decorrente da Ciência Objetiva (conhecimento observável e mensurável);
Material
instrucional encontrado na sistematização dos manuais e/ou módulos de ensino.
Nos dispositivos audiovisuais, livros didáticos etc.
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Procedimentos
e técnicas que assegurem a transmissão/recepção de informações através do
controle das condições ambientais.
Se
a primeira tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos
instrucionais, a principal é conseguir o comportamento adequado pelo controle
do ensino; daí a importância da tecnologia educacional.
A
tecnologia educacional é a aplicação sistemática de princípios científicos
comportamentais e tecnológicos a problemas educacionais, em função de
resultados efetivos, utilizando metodologia e abordagem sistêmica
abrangente.Três componentes básicos:
Objetivos
instrucionais operacionalizados em comportamentos observáveis e mensuráveis,
Proc3edimentos
instrucionais e
Avaliação.
Etapas
básicas do processo ensino-aprendizagem: Estabelecimento do comportamento
terminal, através de objetivo instrucional
Análise
da tarefa de aprendizagem, a fim de ordenar sequencialmente os passos da
instrução,
Executar
programa, reforçando gradualmente respostas corretas correspondentes aos
objetivos.
As
teorias de aprendizagem que
fundamentam a pedagogia tecnicista dizem que aprender é uma questão de
modificação do desempenho. O ensino é um processo de condicionamento através
do uso de reforço das respostas que se quer obter. Há o controle do comportamento individual.
Enfoque
diretivo do Ensino.
Segundo
Skinner, o comportamento aprendido é uma resposta a estímulos externos,
controlados por meio de reforços que ocorrem com a resposta ou depois dela.
Entre outros autores que contribuem para os estudos de aprendizagem
destacam-se: Skinner, Gagné, Bloom e Mager.
A
influência da pedagogia tecnicista remonta à segunda metade dos anos de 50.
Entretanto foi introduzida mais efetivamente no Brasil no final dos anos 60
com o objetivo de adequar o sistema
educacional à orientação político-econômica do regime militar: inserir a
escola nos modelos de racionalização do sistema de produção capitalista.
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Relações
estruturadas em papéis bem definidos:
O
professor administra as condições de transmissão da matéria, conforme um
sistema instrucional eficiente e efetivo em termos de resultados da
aprendizagem; o aluno recebe, aprende e fixa informações.
O
professor é apenas um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno.
A
comunicação entre professor e aluno tem caráter exclusivamente técnico, que é
o de garantir a eficácia da transmissão de conhecimento.
Debates,
discussões e questionamentos são dispensáveis.
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Pedagogia Liberal
“O termo liberal não tem o sentido de
avançado, democrático, aberto, como costuma ser usado. A doutrina liberal
apareceu como justificativa do Sistema Capitalista que, ao defender a
predominância da liberdade e dos interesses individuais na sociedade,
estabeleceu uma forma de organização social baseada na propriedade privada dos
meios de produção, também denominada sociedade de classes. A Pedagogia Liberal,
portanto é uma manifestação própria desse tipo de sociedade”. (p.21)
(.)
“A pedagogia liberal sustenta a ideia
de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de
papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Para isso, os indivíduos
precisam aprender a adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade de
classes, através do desenvolvimento da cultura individual. A ênfase no aspecto
cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois embora difunda a
idéia de igualdade de oportunidades, não leva em consideração a desigualdade de
condições. Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a Pedagogia
Tradicional, por razões de recomposição da hegemonia burguesa, evoluiu para a
Pedagogia Renovada (também denominada escola nova ou ativa), o que não
significou a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem
na prática escolar.
Na tendência tradicional, a pedagogia
liberal se caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de cultua geral, no
qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena realização
como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação
professor-aluno não têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos
com as realidades sociais. É a predominância da palavra do professor, das
regras impostas, do cultivo exclusivamente intelectual.
A tendência liberal renovada acentua, igualmente, o
sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. Mas a
educação é um processo interno, não externo; ela parte das necessidades e
interesses individuais necessários para a adaptação ao meio. A educação é a
vida presente, é parte da própria experiência humana. A escola renovada propõe
um ensino que valorize a autoeducação (o aluno como sujeito do conhecimento), a
experiência direta sobre o meio pela atividade, um ensino centrado no aluno e
no grupo. A tendência liberal renovada apresenta-se, entre nós, em duas versões
distintas: a renovada progressivista, ou pragmatista, principalmente na forma
difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca Anísio
Teixeira (deve-se destacar, também a influência de Montessori, Declory e, de
certa forma, Piaget); a renovada não diretiva, orientada para os objetivos da autorrealização (desenvolvimento pessoal) e para as relações interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers”. (p. 22)
“A tendência liberal tecnicista
subordina a educação à sociedade, tendo como função a preparação de “recursos
humanos” (mão de obra para a indústria). A sociedade industrial e tecnológica
estabelece (cientificamente) as metas economias, sociais e políticas, a
educação treina (também cientificamente) nos alunos os comportamentos de
ajustamento a essas metas. No tecnicismo acredita-se que a realidade contém em
si suas próprias leis, bastando aos homens descobri-las e aplicá-las. Dessa
forma, o essencial não é o conteúdo da realidade, mas as técnicas (forma) de
descoberta e aplicação. A tecnologia (aproveitamento ordenado de recursos, com
base no conhecimento científico) é o meio eficaz de obter a maximização da
produção e garantir um ótimo funcionamento da sociedade; a educação é um
recurso tecnológico por excelência. Ela é encarada como instrumento capaz de
promover, sem contradição, o desenvolvimento econômico pela qualificação da mão
de obra, pela redistribuição da renda, pela maximização da produção e, ao mesmo
tempo, pelo desenvolvimento da ‘consciência política indispensável à manutenção
do Estado autoritário’. Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da
tecnologia educacional e da análise experimental do comportamento”. (p. 23-24)
José
Carlos Libâneo
Livro:
Democratização da escola pública
A pedagogia crítico-social dos conteúdos
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