sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A prática educativa – Como ensinar Antonio ZABALA



 A prática educativa – Como ensinar
Antonio ZABALA


O argumento deste livro consiste em uma atuação profissional baseada no pensamento prático, mas com capacidade reflexiva e que necessitamos de meios teóricos para que a análise da prática seja verdadeiramente reflexiva. • Parâmetros institucionais e organizados; • Tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores; • Meios e condições físicas existentes. • Num modelo em que a aula se configura como um microssistema definido por determinados espaços, uma organização social, certas relações interativas, forma de distribuir o tempo e um determinado uso de recursos didáticos, numa interação entre todos os elementos. • Ao momento em que se produzem os processos educacionais, ela tem um antes e um depois: o planejamento e a avaliação dos processos educacionais. • Dentro de um modelo de percepção da realidade da aula, onde estão estreitamente vinculados o planejamento, a aplicação e a avaliação, teremos que delimitar a unidade de análise que representa este processo, ou seja, a atividade ou tarefa. Por exemplo: uma exposição, um debate, uma leitura, uma pesquisa bibliográfica. - Atividades ou tarefas → unidade básica do processo de ensino/aprendizagem, cujas diversas variáveis apresentam estabilidade e diferenciação: relações interativas professor-aluno, e alunos, alunos; uma organização grupal, determinados conteúdos de aprendizagem, certos recursos didáticos, distribuição de tempo e de espaço, um critério avaliador. - Atividades ou tarefas são insuficientes para proporcionar uma análise dos diferentes estilos pedagógicos, é preciso ampliar esta unidade elementar e identificar como nova unidade de análise, as seqüências de atividades ou seqüências didáticas, que permitem a avaliação sob uma perspectiva processual, incluindo as fases de planejamento, aplicação e avaliação. - Desde o modelo aula magistral ( com a seqüência: apontamentos ou manual, prova, qualificação) até o método de projetos (escolha do tema, planejamento, pesquisa...) têm como elementos indicador as atividades, que só adquirem personalidade diferencial conforme sua organização em seqüências ordenadas. - As variações Metodológicas da Intervenção na aula 1 – Seqüências de atividades – maneiras de encadear e articular as diferentes atividades ao longo de uma unidade didática. - Indicam a função que tem cada uma das atividades. 2 – O papel dos professores e alunos ou alunos/alunos → clima de convivência de acordo com as necessidades de aprendizagem. 3 – Organização social da aula – grandes grupos, grupos fixos e variáveis contribuem para o trabalho coletivo e pessoal. 4 – Utilização dos espaços e do tempo – concretizam as diferentes formas de ensinar. 5 – Organização dos conteúdos – provém da própria estrutura formal das disciplinas e formas organizativas globais e integradoras. 6 – Uso dos materiais curriculares – importância que adquirem nas diferentes formas de intervenção (nas exposições, experimentação). 7 – Sentido e papel da avaliação – entendida no seu sentido restrito de controle de resultados, como na concepção global do processo de ensino/aprendizagem.

- A Função Social – finalidade (por que ensinar) • São colocadas as intenções educacionais, o que pretendemos que nossos alunos consigam; • C. Coll estabelece um agrupamento de capacidade: cognitivas, motoras, autonomia pessoal (afetiva), de relação interpessoal e de inserção e atuação social. - Os conteúdos – explicam as intenções educativas ( o que ensinar) • Tudo que se tem que aprender para alcançar determinados objetivos: • Devemos falar de conteúdos de natureza variada: dados, habilidades técnicas, atitudes, conceitos, etc. • Coll propõe a classificação dos conteúdos em:
a) conceituais – englobam: fatos, conceitos, princípios (“O que se deve saber”);
b) procedimentos: dizem respeito a técnicas e métodos (“O que se deve saber fazer”);
c) Atitudinais: abrangem valores, atitudes, normas (“Como se deve ser”).

- Não é possível ensinar nada sem partir de uma idéia de como as aprendizagem se produzem (conhecer as teorias). - As formas de intervenção devem levar em conta a diversidade dos alunos, identificando o desafio de que necessitam, a fim de que se sintam estimulados em seu trabalho. - O Construtivismo • Estruturas cognitivas – esquemas de conhecimento. • Esquemas de conhecimentos depende: - nível de desenvolvimento e – conhecimentos prévios. • Papel ativo do aluno e do professor → atividade mental → sucessivos equilíbrio, desequilíbrio e requilibrio. • Zonas de desenvolvimento proximal. • Na perspectiva construtivistas, as atividades de ensino têm que integrar ao máximo os conteúdos e por mais específico que seja, sempre está associado a conteúdos de outra natureza.
• Aprendizagem dos conteúdos atuais:- fatos, conhecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares, conhecimento estes indispensáveis para compreender informações e problemas. • Ensino baseado em exercícios de repetição mediante organizações significativas ou associações. • Aprendizagem de princípios e conceitos – Termos abstratos ○ Ex de princípios:- leis, regras ○ Ex de conceitos – densidade, impressionismo ○ Implica em compreensão que vai além dos enunciados. ○ Característica dos conteúdos conceituais – não estar acabado ○ Processo de elaboração pessoal requerem compreensão do significado. • Aprendizagem dos conteúdos procedimentais:- destreza ou habilidades ○ É um conjunto de leis ordenadas e com um fim. ○ Ex:- ler, desenhar, calcular, traduzir. ○ São ações ou conjuntos de ações, que são o ponto de partida. ○ Só se aprende fazer, fazendo e pela exposição do professor ○ È exercitação múltipla, refletindo sobre a atividade (atuação). ○ É preciso aplicá-los em contextos diferenciados. • Aprendizagem de conteúdos atitudinais:- valores, atitudes, normas ○ Valores – Idéias éticas (solidariedade, liberdade, respeito) ○ Atitudes – Tendências ou predisposições (cooperar, participar, ajudar) ○ Normas – padrões ou regras de comportamento (conforme grupo social), análise dos fatores positivos e negativos, envolvimento afetivo e avaliação. • É necessário saber se a seqüência didática programada para desenvolver determinado conteúdo serve para alcançar os objetivos previstos. • Para reconhecer a validade das seqüências didáticas tendo em vista a concepção construtivista e a atenção à diversidade é interessante verificar se as atividades propostas: ○ Permitem verificar os conhecimentos prévios; ○ Os conteúdos são significativos e funcionais; ○ Estão adequados ao nível de desenvolvimento; ○ Representam desafios que permitam criar zonas de desenvolvimento proximal; ○ Provoquem conflito cognitivo; ○ Promovam uma atitude favorável à aprendizagem; ○ Estimulam a auto-estima; ○ Ajudam a adquirir habilidades para aprender a aprender

AS SEQUENCIAS DE CONTEÚDO – OUTRA UNIDADE DE ANÁLISE • Definida como um conjunto ordenado de atividades estruturadas e articuladas para a consecução de um objetivo em relação a um conteúdo concreto. ○ Ex:- conteúdo conceitual “componentes da paisagem” – será realizada uma série de atividades de ensino com objetivo de que no final da unidade a aprendizagem desse conteúdo, seja dominada por todos os alunos. AS RELAÇÕES INTERATIVAS EM SALA DE AULA:- o papel dos professores e alunos • A influência da concepção construtivista na estruturação das interações educativas na aula para facilitar a aprendizagem:- ○ Planejar a atuação docente de forma flexível para permitir a adaptação às necessidades dos alunos; 3
○ Contar com as contribuições e conhecimentos dos alunos; ○ Ajudá-los a encontrar sentido no que estão fazendo; ○ Estabelecer metas ao alcance dos alunos; ○ Oferecer ajudas adequadas; ○ Promover a atividade mental auto-estruturante; ○ Estabelecer ambientes que promovam a auto-estima e o autoconceito; ○ Promover canais de comunicação; ○ Potencializar a autonomia; ○ Avaliar os alunos conforme suas necessidades e seus esforços; ○ Incentivar a auto-avaliação; • É imprescindível prever situações que favoreçam diferentes formas de se relacionar e interagir (grupos, equipes fixas e móveis, assembléias, trabalhos de campos, etc.) PAPEL DOS AGRUPAMENTOS • Cada tipo de agrupamento comporta vantagens e inconvenientes, certas possibilidades e certas potencialidades educativas diferentes. A Escola como grande grupo • As características da organização grupal estão determinadas pela organização e pela estrutura de gestão: relações interpessoais, papéis, responsabilidades, participações, etc. • Distribuição da escola em grupos/ classificações ○ Classes homogêneas e heterogêneas; ○ Conveniência dos grupos heterogêneos:- modelos diferentes de pensar e atuar, surgimentos de conflitos cognitivos, a possibilidade de receber ajuda de colegas; • Distribuição da escola em grupos/Classes móveis ou flexíveis:- ○ Atender ao diferentes interesses (escolas que trabalham com créditos ou matérias opcionais); ○ Atender as diferentes competências; Organização da Classe em grande grupo • Apropriado – ensino de conteúdos factuais • Limitado – ensino de conteúdos conceituais, porque não permitem inter-relações, poucas oportunidades de conhecer o processo de elaboração mental que cada aluno segue. – Dificuldade de prestar a ajuda que o aluno precisa. • Útil aos conteúdos procedimentos para dar a conhecer a utilidade do procedimento, técnica ou estratégia, mais difícil poder propor atividades de aplicação e exercitação necessárias para cada aluno; • Conteúdos atitudinais podem ser feitos em grandes grupos porque o componente cognitivo destes conteúdos exigem trabalho de compreensão, mas os componentes afetivos e comportamentais dos conteúdos atitudinais exigem atividades que coloquem os alunos em situações problemáticas ou de conflitos. Situações que dificilmente podem se realizar em grande grupo, com exceção da assembléia de alunos. A assembléia é adequada, mas é insuficiente.
Organização da classe em equipes fixas • Oferecem oportunidades para trabalhar conteúdos atitudinais; • Oferecem oportunidades de debates, de receber, e dar ajuda (solidariedade e cooperação); • Aceitação da diversidade; Organização da Classe em equipes móveis e flexíveis • Atender as características diferencias dos alunos; • Oportunidade de atenção personalidade do professor ao grupo; • Período de tempo dos agrupamentos é limitado; • Eles poderão ser algumas vezes homogêneos e outras heterogêneos; • São adequados aos conteúdos procedimentais (matemática, artes) Trabalho individual • É oportuno porque a aprendizagem em última instância é sempre uma apropriação pessoal; • Ele será efetivo, uma vez entendido o conceito, realize atividades e exercícios que permitirão ampliar, detalhar, recordar, e reforça ou que foi aprendido; • É útil para memorização de fatos, para aprofundamentos de conceitos e para maioria dos conteúdos procedimentos em que se deve adaptar o ritmo e a proposição de atividades às características dos alunos. • Os Contratos de Trabalho (Freinet) – consiste em facilitar a tarefa do professor. O aluno faz um acordo com o professor. É imprescindível contar com materiais preparados e que as atividades sejam seqüenciadas e progressivas. (Número de atividades que deveram fazer). Distribuição do tempo e do espaço • Distribuição tradicional • Os cantos e as pequenas oficinas, bibliotecas, sala ambiente; • Prédios grandes, são radicalmente contrários as propostas educativas pois é impossível promover determinadas atitudes, ou um bom clima afetivo onde não podem se sentir seguros, no anonimato. A distribuição do tempo não é o menos importante. • Devem variar de acordo com as atividades previstas e necessidades educacionais. A ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS • Diz respeito a relação e a forma de veicular os diferentes conteúdos conteúdos de aprendizagem que formam as unidades didáticas • Podemos encontrar propostas que rompem com a organização centrada por disciplinas (propostas metodológicas globalizadoras). • Nos métodos globalizados as disciplinas nunca são a finalidade do ensino, elas têm a função de proporcionar os meios ou instrumentos para realização dos objetivos educacionais; • Nos métodos globalizados a organização se realiza a partir da perspectivas de como os alunos aprendem; ○ Nascem quando o aluno se transforma em protagonista do ensino. ○ Ex;- centros de interesse, projetos, investigações do meio, projetos de trabalho (todos partem de uma situação real). • As disciplinas com organizadoras dos conteúdos. • A fragmentação do saber e a diversificação do saber em múltiplas disciplinas; • Podemos estabelecer três graus de relações disciplinares:- 1-) a multidiciplinaridade – conteúdos apresentados por matérias independentes uma das outra; 2-) a interdisciplinaridade – interação entre dias ou mais disciplinas, integrando os conceitos idéias, metodologia; 3-) a transdicciplinaridade – integração global, dentro de um sistema totalizador OS MATERIAIS CURRICULARES E OUTROS RECURSOS DIDÁTICOS • São aqueles que proporcionam ao educador referências e critérios para tomar decisões, no planejamento e na intervenção no ensino e na avaliação; • Podem ser tipicados conforme;- 1-) o âmbito de intervenção (planejamento da aula, grupo, classe, individual); 2-) a intecionalidade da função (orientar, exemplificar, ilustrar); 3-) os conteúdos e as maneiras de organizá-los (integradoras, globalizadoras, conteúdos procedimentos, conceituais); 4-) suporte (quadro negro, papel, cadernos, fichas, livro didático) Observação:- Quanto aos conteúdos atitudinais, não existem suportes a serem usados comprofusão, a não ser o vídeo e os textos. • Criticas ao livro didático e materiais curriculares:- • Esteriótipos culturais; • Proposições vinculadas a determinadas correntes ideológicas; • Não podem oferecer toda informação necessária para garantir a comparação; • Fomentam atitudes passivas do aluno; • Impedem o desenvolvimento de propostas mais próximas da realidade; • Não favorecem a comparação entre realidade e ensino escolar; • Não respeitam a forma nem o ritmo de aprendizagem do aluno (uniformização do ensino) • Fomentam as estratégias de memorização Observação:- Proceder a busca de referências e critérios para análise e confecção dos materiais curriculares. • Projeção estática (retroprojetor, slides) suporte e elementos esclarecedores de muitas idéias e facilitam o diálogo, ajudam a centrar a atenção, mas é preciso não pecar pelo excesso de uso.
• Imagem de movimento – (filmes, gravações de vídeo). • Atuam como suporte nas exposições e como fonte de informação. • É importante ir gerando e cortando, para estabelecer com a classe • Suporte de Informática:- 5
• Possibilidade de estabelecer um diálogo mais ou menos aberto entre o programa e o aluno: • Permite fazer simulações de técnicas e procedimentos; • Contribui para formação de conceitos. • Suporte Multimídia:- • Uso do disc laser, CDI ou CD-ROM (interessante ver a disposição) banco de dados de fácil acesso. Conclusão:- A existência de materiais curriculares diversificados facilitará a elaboração de propostas singulares. A pertinência dos materiais estará determinada pelo uso que se faça deles, nos diferentes contextos educativos. A AVALIAÇÃO • Não deve se limitar somente a avaliação do aluno, mas também o grupo / classe, inclusive o professor ou a equipe docente, o processo de ensino é a própria forma de avaliação. • A avaliação inicial (diagnóstica); • A avaliação reguladora (como cada aluno aprende) modificação e melhora contínua do aluno; • A avaliação integradora (todo percurso do aluno) informe global do processo; • A avaliamos para o aperfeiçoamento da prática educativa; • Compartilhar objetivos – condições para avaliação formativa; • A informação dos resultados de aprendizagem.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade, Multidisciplinaridade, Pluridisciplinaridade



             Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade, Multidisciplinaridade, Pluridisciplinaridade 


O filósofo Japiassu faz uma distinção entre os termos inter / multi / pluri e transdisciplinaridade. Entre estes termos há uma gradação que se estabelece entre os níveis de cooperação e coordenação entre as disciplinas, entendendo-se por disciplina diferentes domínios de conhecimento, na medida em que são sistematizados de acordo com critérios.

Os termos multi e pluridisciplinaridade pressupõem uma atitude de justaposição de conteúdos de disciplinas heterogêneas ou a integração de conteúdos numa mesma disciplina, atingindo-se quando muito o nível de integração de métodos, teorias e conhecimentos.

Quando nos situarmos no nível da multidisciplinaridade, a solução de um problema exige informações tomadas de empréstimo a duas ou mais especialidades sem que as disciplinas levadas a contribuir para aquelas que a utilizam sejam modificadas ou enriquecidas. Estuda-se um objeto de estudo sob vários ângulos mas sem que tenha havido antes um acordo prévio sobre os métodos a seguir e os conceitos a serem utilizados.

No nível pluridisciplinar o agrupamento das disciplinas se faz entre aquelas que possuem algumas relações entre si visando-se à construção de um sistema de um só nível e com objetivos distintos, embora excluindo toda coordenação.

No sistema multidisciplinar uma gama de disciplinas são propostas simultâneamente para estudar um objeto sem que apareçam as relações entre elas.

No sistema pluridisciplinar justapoõem-se disciplinas situadas no mesmo nível hierárquico de modo a que se estabeleçam relações entre elas.

Em relação à interdisciplinaridade tem-se uma relação de reciprocidade, de mutualidade, em regime de co-propriedade que possibilita um diálogo mais fecundo entre os vários campos do saber.

A exigência interdisciplinar impõe a cada disciplina que transceda sua especialidade formando consciência de seus próprios limites para acolher as contribuições de outras disciplinas.

A interdisciplinaridade provoca trocas generalizadas de informações e de críticas, amplia a formação geral e questiona a acomodação dos pressupostos implícitos em cada área, fortalecendo o trabalho de equipe.

Em vez de disciplinas fragmentadas, a interdisciplinaridade postula a contrução de interconexões apresentando-se como arma eficaz contra a pulverização do saber.

Em relação à transdisciplinaridade, termo cunhado por Piaget, se prevê uma etapa superior que eliminaria dentro de um sistema total as fronteiras entre as disciplinas. O movimento pós-moderno se utiliza do paradigma transdisciplinar.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Currículo, movimento, percurso, caminho da vida




Currículo, movimento, percurso, caminho da vida


“O mais importante e bonito do mundo é isto;
que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram
terminadas, mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou.”
João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas


A palavra currículo é de origem latina e significa o caminho da vida, o sentido, a rota de uma pessoa ou grupo de pessoas. Currículo indica processo, movimento, percurso, como a etimologia da palavra recomenda. Currículo é o ambiente do conhecimento, assim como, o espaço de contestação das relações sociais e humanas e também o lugar da gestão, da cooperação e participação. O currículo deve ser entendido como componente central do procedimento da educação institucionalizada.
O que é um currículo interdisciplinar? É o modo de viabilizar as interações e inter-relações entre as diferentes disciplinas existentes, consentindo que cada aluno perceba o conhecimento coletivo e construa o seu de maneira individual. Como vemos, currículo interdisciplinar não é apenas combinar algumas disciplinas em projetos, mas para que a interdisciplinaridade aconteça é necessário a colaboração e a parceria entre as disciplinas do currículo para se chegar a um finalidade única, que é a noção da realidade. O conceito de interdisciplinaridade foi organizado propondo-se restabelecer um diálogo entre as diversas áreas dos conhecimentos científicos. A interdisciplinaridade pode ser compreendida como sendo a troca de reciprocidade entre as disciplinas ou ciências, ou melhor, áreas do conhecimento. (FEREIRA in FAZENDA, 1993, p. 21-22).Nessa expectativa compete ao professor, articular teoria e prática, numa forma interdisciplinar sem perder de vista os objetivos fundamentais elencados para a sua disciplina. Ao buscarmos um novo olhar interdisciplinar chegaremos ao olhar transdisciplinar com mais entrosamento e fortalecimento.
A transdisciplinaridade considera o que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de toda disciplina e sua finalidade é compreender o mundo atual. A transdisciplinaridade é a investigação da acepção da vida através de relações entre os diversos saberes das ciências exatas, humanas e artes, estimulando a vinculação e indicando uma visão contextualizada do conhecimento, da vida e do mundo. A transdisciplinaridade busca a compreensão do conhecimento, busca a inclusão, procura parceria, adiciona, compartilha, coopera, agrega. Citando Paulo Freire, constatamos que a fala desse educador nos elucida ao colocar que devemos aproximar a atitude interdisciplinar da atitude transdisciplinar: porque encontraremos nas duas o coletivo instituinte, o trabalho em grupo, a transversalidade, o diálogo.
O papel da educação como elemento de desenvolvimento social é reorientado, quando existe correlação entre as capacidades exigidas para o exercício da cidadania e para as ações produtivas. Devemos lembrar que a exclusão proveniente da sociedade do consumo e do capitalismo poderá sofrer diminuição através da idéia de currículos que privilegiem áreas que estão em crescimento no momento atual. Uma sugestão curricular de alcance para a sociedade contemporânea deverá agregar as tendências atuais da ciência e da tecnologia nas atividades produtivas e nas interações sociais.
Mediante as demandas contemporâneas, educadores de todo o país estão reunidos para discutir o entendimento do currículo no ensino infantil e fundamental, pois a idéia é modernizar o debate sobre a importância do currículo, principalmente após a ampliação do ensino fundamental para nove anos. Os estudos serão estruturados em seis eixos temáticos: currículo e desenvolvimento humano; educandos e o currículo; organização dos tempos e espaços escolares; currículo, conhecimento e cultura; diversidade e inclusão social; e currículo e avaliação.
Diante da constatação de necessidades contemporâneas, os eixos temáticos referentes aos estudos em andamento incorporam a preocupação dos educadores com a necessidade de um currículo que contemple a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, porque o ser humano é ser de múltiplas dimensões e aprendem em tempos e em ritmos diferentes, o conhecimento deve ser construído e reconstruído, processualmente e sucessivamente, e o conhecimento deve ser abordado em uma perspectiva de totalidade.
Referências:MEC
Amélia Hamze
Profª da FEB/CETEC e FISO-ISEB de Barretos

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A abordagem interdisciplinar na escola.



A abordagem interdisciplinar na escola.


A interdisciplinaridade surgiu no final do século passado a partir da necessidade de justificar a fragmentação causada por uma epistemologia de cunho positivista. As ciências foram divididas em muitas disciplinas e a interdisciplinaridade restabelecia, pelo menos, um diálogo entre elas. Considerada pela ciência da educação como uma relação interna da disciplina “matriz” e a disciplinada “aplicada”, a interdisciplinaridade passou a ser um termo aceito na educação por ser vista como uma forma de pensamento.
Segundo Piaget, a interdisciplinaridade seria uma forma de se chegar à transdisciplinaridade, etapa que não ficaria na interação e reciprocidade entre as ciências, mas alcançaria um estágio onde não haveria mais fronteiras entre as disciplinas.
Pois bem, atualmente a interdisciplinaridade tem sido abraçada por grande parte dos educadores, visto que tal postura garante a construção do conhecimento de maneira global, rompendo com as fronteiras das disciplinas, pois apenas a integração dos conteúdos não seria satisfatório. Geralmente aplicada já nas séries iniciais do Ensino Fundamental, os professores devem incentivar os alunos a construírem relações entre os diferentes conteúdos presentes nas diversas disciplinas do currículo.
É de suma importância levar em conta no momento da avaliação de um projeto didático, as aprendizagens realizadas pelos alunos durante a realização desse. Um projeto é definido como satisfatório com base nas aprendizagens que proporciona aos seus alunos, não pela qualidade pontual de seu produto final.
Vale ressaltar aos educadores que a interdisciplinaridade quando voltada para a educação, em especial aos projetos educacionais, baseia em alguns princípios, entre eles:
• Noção de tempo: o aluno não tem tempo certo para aprender. Não existe data marcada para aprender. Ele aprende a toda hora e não apenas na sala de aula.
Na crença de que é o indivíduo que aprende. Então, é preciso ensinar a aprender, a estudar etc., estabelecendo uma relação direta e pessoal com a aquisição do saber.
• Embora adquirido individualmente, o conhecimento é uma totalidade.
• A criança, o jovem e o adulto aprendem quando possuem um projeto de vida e o conteúdo do ensino é significativo para eles no interior desse projeto. O aprendizado envolve emoção e razão no processo de reprodução e criação do conhecimento.

Objetivos da metodologia do trabalho interdisciplinar

1º Integrar os conteúdos;
Passar de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária do conhecimento;
3º Superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, considerando o estudo e a pesquisa a partir da contribuição das diversas ciências;
4º Ter o ensino-aprendizagem centrado numa visão de que aprendemos ao longo de toda a vida, entre outros.
A ação pedagógica através da interdisciplinaridade propicia a construção de uma escola participativa e decisiva na formação social do indivíduo, bem como uma prática coletiva e solidária na organização da escola. Um projeto interdisciplinar de educação deverá ser marcado por uma visão geral da educação, num sentido progressista e libertador.
Por Elen C. Campos Caiado

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

TRABALHO EM SALA

Trabalho em sala
A partir de tudo da leitura sobre Tipologias de Conteúdos, preste atenção na imagem e relacione ao texto:



A Professora Ana leciona no 5º ano do Fundamental e vai trabalhar O Corpo Humano. Levou para a sala um cartaz com um esqueleto para desenvolver sua aula. Dará ênfase à identificação e nomeação dos ossos. Como a Professora Ana trata este conteúdo? Que outras abordagens poderiam ser trabalhadas?



quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O currículo e a aprendizagem



O currículo e a aprendizagem

A escola, não é apenas um espaço social emancipatório ou libertador, mas também é um cenário de socialização da mudança. Sendo um ambiente social, tem um duplo currículo, o explicito e o formal, o oculto e informal. A prática do currículo é geralmente acentuada na vida dos alunos estando associada às mensagens de natureza afetiva e às atitudes e valores. O Currículo educativo representa a composição dos conhecimentos e valores que caracterizam um processo social. Ele é proposto pelo trabalho pedagógico nas escolas.

Atualmente, o currículo é uma construção social, na acepção de estar inteiramente vinculado a um momento histórico, à determinada sociedade e às relações com o conhecimento. Nesse sentido, a educação e currículo são vistos intimamente envolvidos com o processo cultural, como construção de identidades locais e nacionais.

Hoje existem várias formas de ensinar e aprender e umas delas é o currículo oculto. Para Silva, o currículo oculto é “o conjunto de atitudes, valores e comportamentos que não fazem parte explícita do currículo, mas que são implicitamente ensinados através das relações sociais, dos rituais, das práticas e da configuração espacial e temporal da escola”.

Ao pensarmos no homem como um ser histórico, também refletiremos em um currículo que atenderá, em épocas diferentes a interesses, em certo espaço e tempo histórico. Existe uma diferença conceitual entre currículo, que é o conjunto de ações pedagógicas e a matriz curricular, que é a lista de disciplinas e conteúdos do currículo.

O Currículo, não é imparcial, é social e culturalmente definido, reflete uma concepção de mundo, de sociedade e de educação, implica relações de poder, sendo o centro da ação educativa. A visão do currículo está associada ao conjunto de atividades intencionalmente desenvolvidas para o processo formativo.

O currículo é um instrumento político que se vincula à ideologia, à estrutura social, à cultura e ao poder. A cultura é o conteúdo da educação, sua essência e sua defesa, e currículo é a opção realizada dentro dessa cultura. As teorias críticas nos informam que a escola tem sido um lugar de subordinação e reprodução da cultura da classe dominante, das elites, da burguesia. Porém, com a pluralidade cultural, aparece o movimento de exigência dos grupos culturais dominados que lutam para ter suas raízes culturais reconhecidas e representadas na cultura nacional, pois por trás das nossas diferenças, há a mesma humanidade.

Há várias formas de composição curricular, mas os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam que os modelos dominantes na escola brasileira, multidisciplinar e pluridisciplinar, marcados por uma forte fragmentação, devem ser substituídos, na medida do possível, por uma perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar.

Para elaboração de um currículo escolar devemos levar em consideração as vertentes caracterizadas pela: ontologia (trata da natureza do ser); epistemologia (define a natureza dos conhecimentos e o processo de conhecer); axiologia (preocupa-se com a natureza do bom e mau, incluindo o estético). As ciências nos mostram que não há desenvolvimento sustentado sem o capital social, gerador de inovação, de responsabilidade e de participação cívica. E que a escolarização é a condição fundamental de acesso à cultura, ao sentido crítico, à participação cívica, ao reconhecimento do belo, e ao respeito pelo outro.
Ref: SILVA, T.T.da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
Por Amélia Hamze