quarta-feira, 31 de julho de 2013
PLANEJAMENTO, PROJETO, PLANO, PROGRAMA E CONCEITO DE PARTICIPAÇÃO
PLANEJAMENTO É
1. Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações (PADILHA, 2001, p. 30).
2. Planejar, em sentido amplo, é um processo que "visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro", mas considerando as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja. (idem, 2001, p. 63). Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem como características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da própria ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas.
3. Planejamento Educacional é "processo contínuo que se preocupa com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequadas para chegar lá', tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do indivíduo" (PARRA apud SANT'ANNA et al, 1995, p. 14).
Para Vasconcellos (1995, p. 53), "o planejamento do Sistema de Educação é o de maior abrangência (entre os níveis do planejamento na educação escolar), correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual e municipal", incorporando as políticas educacionais.
4. Planejamento Curricular é o "processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno". Portanto, essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos componentes curriculares (VASCONCELLOS, 1995, p. 56).
5. Planejamento de Ensino é o processo de decisão sobre atuação concreta dos professores, no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em constante interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos (PADILHA, 2001, p. 33). Na opinião de Sant'Anna et al (1995, p. 19), esse nível de planejamento trata do "processo de tomada de decisões bem informadas que visem à racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação de ensino-aprendizagem".
6. Planejamento Escolar é o planejamento global da escola, envolvendo o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. "É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social" (LIBÂNEO, 1992, p. 221).
7. Planejamento Político-Social tem como preocupação fundamental responder as questões "para quê", "para quem" e também com "o quê". A preocupação central é definir fins, buscar conceber visões globalizantes e de eficácia; serve para situações de crise e em que a proposta é de transformação, em médio prazo e/ou longo prazo. "Tem o plano e o programa como expressão maior" (GANDIN, 1994, p. 55).
8. No Planejamento Operacional, a preocupação é responder as perguntas "o quê", "como" e "com quê", tratando prioritariamente dos meios. Abarca cada aspecto isoladamente e enfatiza a técnica, os instrumentos, centralizando-se na eficiência e na busca da manutenção do funcionamento. Tem sua expressão nos programas e, mais especificamente, nos projetos, sendo sobretudo tarefa de administradores, onde a ênfase é o presente, momento de execução para solucionar problemas (idem.).
PLANO É
1. Plano é um documento utilizado para o registro de decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. Para existir plano é necessária a discussão sobre fins e objetivos, culminando com a definição dos mesmos, pois somente desse modo é que se pode responder as questões indicadas acima.
O plano é a "apresentação sistematizada e justificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar" (FERREIRA apud PADILHA, 2001, p. 36). Plano tem a conotação de produto do planejamento.
Plano é um guia e tem a função de orientar a prática, partindo da própria prática e, portanto, não pode ser um documento rígido e absoluto. Ele é a formalização dos diferentes momentos do processo de planejar que, por sua vez, envolve desafios e contradições (FUSARI, op. cit.).
2. Plano Nacional de Educação é "onde se reflete toda a política educacional de um povo, inserido no contexto histórico, que é desenvolvida a longo, médio ou curto prazo" (MEEGOLLA; SANT'ANNA, 1993, p. 48).
3. Plano Escolar é onde são registrados os resultados do planejamento da educação escolar. "É o documento mais global; expressa orientações gerais que sintetizam, de um lado, as ligações do projeto pedagógico da escola com os planos de ensino propriamente ditos" (LIBÂNEO, 1993, p. 225).
4. Plano de Curso é a organização de um conjunto de matérias que vão ser ensinadas e desenvolvidas em uma instituição educacional, durante o período de duração de um curso. Segundo Vasconcellos (1995, p. 117), esse tipo de plano é a "sistematização da proposta geral de trabalho do professor naquela determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade".
5. Plano de Ensino "é o plano de disciplinas, de unidades e experiências propostas pela escola, professores, alunos ou pela comunidade". Situa-se no nível bem mais específico e concreto em relação aos outros planos, pois define e operacionaliza toda a ação escolar existente no plano curricular da escola. (SANT'ANNA, 1993, p. 49).
PROJETO É
1. Projeto é também um documento produto do planejamento porque nele são registradas as decisões mais concretas de propostas futuristas. Trata-se de uma tendência natural e intencional do ser humano. Como o próprio nome indica, projetar é lançar para a frente, dando sempre a idéia de mudança, de movimento. Projeto representa o laço entre o presente e o futuro, sendo ele a marca da passagem do presente para o futuro. Na opinião de Gadotti (apud Veiga, 2001, p. 18),
Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.
2. Projeto Pedagógico, segundo Vasconcellos (1995)
é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição (p.143). |
Para Veiga (2001, p. 11) o projeto pedagógico deve apresentar as seguintes características:
a) "ser processo participativo de decisões;
b) preocupar-se em instaurar uma forma de organização de trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições;
c) explicitar princípios baseados na autonomia da escola, na solidariedade entre os agentes educativos e no estímulo à participação de todos no projeto comum e coletivo;
d) conter opções explícitas na direção de superar problemas no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade específica;
e) explicitar o compromisso com a formação do cidadão.
f) nascer da própria realidade , tendo como suporte a explicitação das causas dos problemas e das situações nas quais tais problemas aparecem;
g) ser exeqüível e prever as condições necessárias ao desenvolvimento e à avaliação;
h) ser uma ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola;
i) ser construído continuamente, pois como produto, é também processo".
3. Projeto Político-Pedagógico da escola precisa ser entendido como uma maneira de situar-se num horizonte de possibilidades, a partir de respostas a perguntas tais como: "que educação se quer, que tipo de cidadão se deseja e para que projeto de sociedade?" (GADOTTI, 1994, P. 42). Dissociar a tarefa pedagógica do aspecto político é difícil, visto que o "educador é político enquanto educador, e o político é educador pelo próprio fato de ser político" (GADOTTI, FREIRE, GUIMARÃES, 2000, pp. 25-26).
Falar da construção do projeto pedagógico é falar de planejamento no contexto de um processo participativo, onde o passo inicial é a elaboração do marco referencial, sendo este a luz que deverá iluminar o fazer das demais etapas. Alguns autores que tratam do planejamento, como por exemplo Moacir Gadotti, falam simplesmente em referencial, mas outros, como Danilo Gandin, distinguem nele três marcos: situacional, doutrinal e operativo.
PROGRAMA É
1. Padilha (2001), citando Bierrenbach, explica que um programa é "constituído de um ou mais projetos de determinados órgãos ou setores, num período de tempo definido" (p. 42). Gandin (1995) complementa dizendo que o programa, dentro de um plano, é o espaço onde são registradas as propostas de ação do planejador, visando a aproximar a realidade existente da realidade desejada. Desse modo, na elaboração de um programa é necessário considerar quatro dimensões: "a das ações concretas a realizar, a das orientações para toda a ação (atitudes, comportamentos), a das determinações gerais e a das atividades permanentes" (GANDIN, 1993, p. 36 e 1995, p. 104).
CONSTRUINDO UM CONCEITO DE PARTICIPAÇÃO
A preocupação com a melhoria da qualidade da Educação levantou a necessidade de descentralização e democratização da gestão escolar e, consequentemente, participação tornou-se um conceito nuclear. Como aponta Lück et al. (1998), "o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agir sobre elas em conjunto" (p.15).
De acordo com a etimologia da palavra, participação origina-se do latim "participatio" (pars + in + actio) que significa ter parte na ação. Para ter parte na ação é necessário ter acesso ao agir e às decisões que orientam o agir. "Executar uma ação não significa ter parte, ou seja, responsabilidade sobre a ação. E só será sujeito da ação quem puder decidir sobre ela" (BENINCÁ, 1995, p. 14). Para Lück et al. (1998) a participação tem como característica fundamental a força de atuação consciente, pela qual os membros de uma unidade social (de um grupo, de uma equipe) reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica, da cultura da unidade social, a partir da competência e vontade de compreender, decidir e agir em conjunto.
Trabalhar em conjunto, no sentido de formação de grupo, requer compreensão dos processos grupais para desenvolver competências que permitam realmente aprender com o outro e construir de forma participativa.
Para Pichin-Rivière (1991) grupo é um "conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de espaço e tempo, articuladas por sua mútua representação interna interatuando através de complexos mecanismos de assunção e atribuição de papéis, que se propõe de forma explícita ou implícita uma tarefa que constitui sua finalidade" (pp. 65-66). O que se diz explícito é justamente o observável, o concreto, mas abaixo dele está o que é implícito. Este é constituído de medos básicos (diante de mudanças, ora alternativas transformadoras ora resistência à mudança). Pichon-Rivière (ibdem) diz que a resistência à mudança é conseqüência dos medos básicos que são o "medo à perda" das estruturas existentes e "medo do ataque" frente às novas situações, nas quais a pessoa se sente insegura por falta de instrumentação.
A partir desses breves comentários, pode-se compreender a importância do tão divulgado "momento de sensibilização" na implementação de planos, programas e projetos. Sensibilidade é "qualidade de ser sensível, faculdade de sentir, propriedade do organismo vivo de perceber as modificações do meio externo e interno e de reagir a elas de maneira adequada" (FERREIRA, s/d). Sensibilizar, portanto, é provocar e tornar a pessoa sensível; fazer com que ela participe de alguma coisa de forma inteira. Por outro lado, lembra Pichon-Riviére (1991) que "um grupo obtém uma adaptação ativa à realidade quando adquire insight, quando se torna consciente de certos aspectos de sua estrutura dinâmica. Em um grupo operativo, cada sujeito conhece e desempenha seu papel específico, de acordo com as leis da complementaridade" (p. 53).
Com diz Libâneo (2001), a participação é fundamental por garantir a gestão democrática da escola, pois é assim que todos os envolvidos no processo educacional da instituição estarão presentes, tanto nas decisões e construções de propostas (planos, programas, projetos, ações, eventos) como no processo de implementação, acompanhamento e avaliação. Finalizando, cabe perguntar: como estamos trabalhando, no sentido do desenvolvimento de grupos operativos, onde cada sujeito, com sua subjetividade, possa contribuir na reconstrução de uma escola de que precisamos?
REFERÊNCIAS
BENINCÁ, E. As origens do planejamento participativo no Brasil. Revista Educação - AEC, n. 26, jul./set. 1995.
GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Pedagogia: diálogo e conflito. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
_________ . Planejamento como prática educativa. 7.ed. São Paulo: Loyola, 1994.
_________ . Posição do planejamento participativo entre as ferramentas de intervenção na realidade. Currículo sem Fronteira, v.1, n. 1, jan./jun., 2001, pp. 81-95.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Editora alternativa, 2001
LÜCK, H. Planejamento em orientação educacional. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 1991.
PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. Trad. Marco Aurélio Fernandes. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
SANT'ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L.; TURRA, C. M. Planejamento de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1995.
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.
VEIGA, I. P. (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 13. ed. Campinas: Papirus, 2001.
BAFFI, Maria Adelia Teixeira. O planejamento em educação: revisando conceitos para mudar concepções e práticas. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Petropólis, 2002.
terça-feira, 30 de julho de 2013
REFLEXÃO - PPP
O PPP é uma proposta inovadora e alinhada aos novos paradigmas e
aspirações da nossa sociedade, de todos nós! Um documento rico e valoroso
quando realmente construído nas bases democráticas, filosóficas, culturais
representando o desejo e necessidades da comunidade escolar, sem esquecer da
importância de ser fruto da organização sistemática da instituição, fruto da
seriedade, responsabilidade, fundamentado e metodologicamente elaborado. Sem
dúvida, o PPP é uma possibilidade de melhoria do ensino brasileiro, se
pensarmos educação como um processo
que vai além dos muros da escola. Compreendendo o espaço escolar como campo de
aprendizagem, interação, conscientização e exercício da cidadania. Estamos
acostumados a viver numa sociedade autoritária e conformista. O PPP acena com o convite de promover o
diálogo dentro deste ambiente que não deixa de vivenciar os conflitos e
contradições da nossa sociedade por isso.
No entanto, o PPP não é “a solução”, um fim em si mesmo. Ele é um
caminho. E caminho se entende por trajeto, construção. Esse trajeto se faz durante o percurso. Não
há uma fórmula, o que há são possibilidades de “pensar o diferente”, o “como
poderia ser”. A grande angústia que sentimos na escola, falo enquanto profissional
da educação, é nos percebermos instrumentos de um autoritarismo, muitas vezes,
velado, fazendo parte de um processo de desconcentração neoliberal tão
sutilmente estruturado na sociedade globalizada.
Até onde o gestor na
instituição pública tem autonomia e condições de estrutura material e humana
junto à comunidade escolar para definir diretrizes, ações e objetivos, se
muitas vezes, muitas vezes a escola, conforme cita o próprio texto, desempenha
um papel de operacionalizar pacotes educacionais do governo? Ainda estamos
presos à burocratização do sistema. A dimensão política não pode ser esquecida,
não podemos ser ingênuos, mas também não podemos perder a esperança. A escola
não é a solução de problemas sociais, ela é o espaço de pensar, refletir,
experimentar e instrumentalizar o homem para atuar e se relacionar com as
ferramentas e brinquedos, lembrando o texto de Rubem Alves “Gaiolas e Asas”.
É um processo de amadurecimento e de libertação, conforme diria Paulo
Freire, lento. Construído cotidianamente. As grandes mudanças não acontecem de
uma hora para outra, elas são construídas histórica e socialmente em pequenas
mudanças. Daí a importância de
conscientização enquanto parte do processo, enquanto sujeito histórico e
responsável nesta dinâmica de viver a democracia e o exercício da cidadania.
Todos têm algo para contribuir
Conteúdos: como se aprende
Geralmente utilizamos o termo
“conteúdos” quando tratamos dos conhecimentos específicos das disciplinas ou
matérias escolares. Mas, se nos atermos a uma concepção educativa integral, os
“conteúdos” não estão condicionados unicamente às disciplinas ou matérias
tradicionalmente conhecidas, mas abrange além das capacidades cognitivas, as
motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção social.
César
Coll (1986) propôs um agrupamento de “novos conteúdos”, que seriam: conceituais,
procedimentais e atitudinais. Esta divisão corresponderia as seguintes
questões:
-
O que devemos saber;
-
Como devemos fazer?
-
Como devemos ser?
Os conteúdos conceituais estão
relacionados com conceitos propriamente ditos e dele ramifica-se os conteúdos
factuais, ou seja, os conhecimentos relacionados aos fatos, acontecimentos,
dados, nomes e códigos.
Os conteúdos conceituais são mais
abstratos, eles demandam compreensão, reflexão, analise comparação. As
condições necessárias para a aprendizagem dos conteúdos conceituais demandam
atividades que desencadeiem um processo de construção pessoal, que privilegie atividades
experimentais que acionem os conhecimentos prévios dos alunos promovendo
atividade mental. Para tanto, as aulas meramente expositivas que lance mão
apenas da memorização, não darão conta.
Já, os conteúdos procedimentais envolvem
ações ordenadas com um fim, ou seja, direcionadas para realização de um
objetivo, aquilo que se aprende a fazer, fazendo, como: saltar, escrever com
letra cursiva, desenhar, cozinhar, dirigir-podem ser chamados de regras,
técnicas métodos, destrezas ou habilidades.
Os conteúdos atitudinais podem ser
agrupados em: valores, atitudes ou normas. Dentre esses conteúdos podemos
destacar a título de exemplo: a cooperação, solidariedade, trabalho em grupo,
gosto pela leitura, respeito, ética. Vale ainda salientar que esses conteúdos
estão impregnados nas relações afetivas e de conivência que de forma alguma
podem ser desconsiderados pela escola como conteúdos importantes de serem
trabalhados.
Assim, Coll (1997) propõe que os
conteúdos:
ü
Factuais
e Conceituais - que correspondem ao compromisso científico da escola:
transmitir o conhecimento socialmente produzido.
ü
Atitudinais
- (normas e valores)- que correspondem ao compromisso filosófico da escola:
promover aspectos que nos completam como seres humanos, que dão uma dimensão
maior, que dão razão e sentido para o conhecimento científico.
ü
Procedimentais
- que são os objetivos, resultados e meios para alcançá-los, articulados por ações,
passos ou procedimentos a serem implementados e aprendidos.
A escola deve, portanto, coordenar
(Filosofia) e conhecimento científico ( Ciência) para instrumentalizar-se
teórica e praticamente.
Texto elaborado a partir do livro de Antoni Zabala: A prática
educativa – Ed. Artmed, de 1998.
Para refletir...
Re-significar a compreensão dos
professores acerca dos conteúdos é fundamental quando se pretende empreender
práticas pedagógicas que favoreçam a aprendizagem dos alunos. Se diferentes
conteúdos se aprendem de diferentes formas, não podemos organizar uma rotina
pedagógica que desconsidere tal diferenciação.
O planejamento das rotinas de sala de
aula devem considerar as exigências sociais do contexto atual e suas demandas
como também promover um ensino significativo para os alunos articulando os
conteúdos factuais, procedimentais, conceituais e atitudinais de maneira
eficiente abandonando a dimensão informativa, a fim de alcançar um espaço
verdadeiramente formativo.
Não poderemos tornar uma atividade
significativa se não considerarmos os conteúdos que pretendemos ensinar, para
que a prática educativa seja realmente significativa para os alunos caberá ao
professor conhecer respeitar os saberes que os alunos já tem, ter clareza do
que se pretende ensinar, considerar a diversidade de saberes existentes na sala
de aula, conhecer diferentes estratégias de ensino com planejamento de
intervenções pontuais para que seus alunos avancem em suas aprendizagens , como
apontava Vygotsky (1979) caberá ao professor atuar na zona de desenvolvimento
proximal, contribuindo para que o aluno supere os desafios propostos, avançando
sempre.
Tudo isso passa por um processo que se
inicia mesmo antes da seleção dos conteúdos, tem início nas “Expectativas de
Aprendizagem” temos para cada novo ano letivo.
Conforme afirma Coll (2006): “a
aprendizagem é uma construção pessoal que o aluno realiza com ajuda que recebe
de outras pessoas”. O autor exprimiu os diferentes tipos de conteúdos da
seguinte apresentando o seguinte esquema:
Conteúdos
|
Atividades de
aprendizagem
|
factuais
|
repetições verbais
|
conceituais
|
experiências
|
procedimentais
|
aplicações e exercícios
|
atitudinais
|
experiências com
componentes afetivos
|
Livro: O
construtivismo na sala de aula de César Coll –
Editora Ática
A
AVALIAÇÃO E OS CONTEÚDOS CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS.
Segundo
os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao se efetivar uma avaliação, deve-se
considerar os Conteúdos Conceituais, Procedimentais e Atitudinais como
componentes que promovem as capacidades motoras, de equilíbrio, de autonomia,
de relação interpessoal e de inserção social.
O
professor, em sua prática pedagógica, deve ter consciência de que essas
dimensões são objetos de aprendizagem que estão presentes em todas as
atividades e contribuem para o desenvolvimento da capacidade dos alunos para
uma participação ativa e transformadora, sendo necessário, portanto,
observar-se o tratamento, a seleção e a organização que são dados a esses
componentes essenciais no processo avaliativo.
1 .Avaliação dos
Conteúdos Conceituais
A
aprendizagem dos Conteúdos Conceituais envolve a abordagem de conceitos, fatos
e princípios que possam conduzir o aluno à representação da realidade, operando
através de símbolos, idéias, signos e imagens. Para isso, o aluno precisa
adquirir informações e vivenciar situações-problema que lhe permitam a
aproximação de novos conhecimentos, que o conduzam à construção de
generalizações parciais e que, ao longo de suas experiências,
possibilitar-lhe-ão a elaboração de conceitos mais abrangentes.
2 -Avaliação dos
Conteúdos Procedimentais
Os Conteúdos
Procedimentais devem proporcionar aos alunos autonomia para analisar e criticar
os resultados obtidos e os processos colocados em ação para atingir as metas a
que se propõem nas atividades escolares.
A consideração dos
Conteúdos Procedimentais no processo de ensino é de fundamental importância,
uma vez que permite incluir conhecimentos que têm sido tradicionalmente
excluídos do ensino, como documentação, organização, comparação dos dados,
argumentação, verificação, revisão de textos escritos, dentre outros tantos e
inumeráveis fatores.
3. Avaliação dos
Conteúdos Atitudinais
Os Conteúdos
Atitudinais desenvolvem normas e valores que permeiam todas as ações
educativas. A não compreensão desses valores pelos educadores conduz os
educandos à aquisição de conhecimentos que não favorecem a formação de boas
atitudes, restringindo o conhecimento apenas ao âmbito puramente conceitual.
Nesses conteúdos é possível e necessário identificar as dimensões
procedimentais, atitudinais e conceituais, com a finalidade de que o processo
de ensino e aprendizagem não se restrinja ao módico processo de reprodução das
coisas.
Não se pode aqui tratar
dessas questões sem que se traga à luz da discussão exemplificações, de modo
que todos os conteúdos devem ser trabalhados de forma integrada e o professor
deve ter esta intencionalidade mediante qualquer tema ou assunto trabalhado em
sala de aula, levando-se em consideração os critérios que deverão ser avaliados
dentro destas três dimensões acima citadas.
Para se desenvolver a
temática de poluição ambiental, deve-se levar em conta, por exemplo:
A. Conteúdos Conceituais:
- Detectar os tipos de
poluição que prejudicam o meio ambiente;
- Identificar as causas
que provocam a poluição;
- Identificar o tempo
de desgaste dos materiais poluentes;
- Analisar as
conseqüências.
B. Conteúdos Procedimentais:
- Desenvolver pesquisas
sobre o tema e compartilhar as informações coletivamente;
- Observar às causas e
interferir nos efeitos da poluição;
- Aprender formas de
aproximar-se de informação para verificar hipótese.
C. Conteúdos Atitudinais:
- Conscientizar-se da
importância de se preservar o meio ambiente;
- Utilizar diferentes
fontes de informações, como forma de combate à poluição;
- Sentir-se parte
integrante e ser responsável pela qualidade do meio em que vive.
Não
basta que se vincule as ações desses conteúdos, mas que se proponha à
dinamização da integração dessas ações, de maneira que se distribua, canalize e
tenha resultados que possam estar interligados aos fatores de conservação da
idéia natural de educar, de mediar os conhecimentos através de uma metodologia
didática de conhecimento e de informação, para que não se faça do sistema de
avaliação uma ‘arma’ metodológica de punição, como se tem feito até muito pouco
tempo atrás.
Considere o texto abaixo para responder
as questões 1 e 2.
A professora Ana e a professora Beatriz
tinham o mesmo conteúdo a ensinar a seus alunos: a distinção e o funcionamento
dos três Poderes da república (o Legislativo, o Executivo e o Judiciário).Ana,
além de disponibilizar livros sobre o tema, levou jornais e revistas e pediu
que os alunos os levassem também. A partir desse material, realizou debates, estimulou
a pesquisa bibliográfica e propôs trabalhos de grupo.Houve respeito ao
revezamento da palavra e cooperação entre os alunos.Beatriz apresentou alguns
recortes de jornais para ilustrar sua fala. Solicitou que seus alunos anotassem
os tópicos principais sobre o tema. Houve aceitação e atenção à sua fala.
1-
Analise a prática pedagógica das duas professoras, assinalando a opção que
apresenta uma apreciação correta sobre cada uma delas, quanto aos conteúdos.
ANA
|
BEATRIZ
|
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e aos atitudinais.
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Os conteúdos atitudinais foram foco de seu trabalho,
marcado pelo propósito educativo formador para a cidadania.
|
||
Enfatizou os conteúdos atitudinais em função das
estratégias ativas de ensino adotadas.
|
Deu relevância aos conteúdos procedimentais por seu foco
na explanação oral sobre o tema.
|
||
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Conteúdos conceituais foram priorizados, pois é nítido que
seu propósito foi cultivar nos alunos o “ saber fazer”.
|
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Valorizou os conteúdos conceituais, procedimentais e
atitudinais em igual medida.
|
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Os conteúdos procedimentais adotados foram basicamente de
uso, ao passo que os atitudinais se concretizaram como currículo oculto.
|
2- O conteúdo trabalhado por ambas as professoras refere-se
à aprendizagem de conceitos e princípios, o que condiciona as estratégias, os
instrumentos e os meios a serem utilizados no ensino, requerendo estratégias
didáticas
(A) que promovam uma ampla atividade cognoscitiva do aluno,
colocando-o diante de experiências ou situações que induzam ou potencializem
essa atividade.
(B) que impliquem a aprendizagem de ações por seu caráter
dinâmico, exigindo estratégias ativas em contextos funcionais.
(C) ligadas á memorização por repetição verbal em atividades
de curta duração, guardadas as diferenças de ritmo de aprendizagem de cada
aluno.
(D) complexas, que acionem, além das estruturas cognitivas,
os campos afetivos e comportamentais, sabendo-se que o componente afetivo tem o
maior peso.
(E) de caráter aplicativo, buscadas pelo exercício de
tópicos que garantam a fixação de conceitos e a posterior transferência da
aprendizagem.
3 – Preencha o quadro abaixo assinalando com um X , a que
tipo de conteúdo pertence cada atividade
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Conteúdos
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1
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A conquista de um território.
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Conc
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Fac.
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Proc.
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Atitu
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2
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O que são animais mamíferos?
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3
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Estratégias de leitura.
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4
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Respeitar o meio ambiente
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5
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6
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7
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A localização ou altura de uma montanha
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8
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9
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10
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11
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12
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13
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14
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O que você entende
por cidade urbana?
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15
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16
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17
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A solidariedade
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18
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Nomes de rios e seus afluentes
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19
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20
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